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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Escrever... (cont.2). Ser jornalista, ser escritor...

Em uma entrevista postada no Canal 17, o Marcelo, professor de Radiojornalismo da PUC-RJ e ex-editor de Economia do JB, diz que entrou na Faculdade de Jornalismo porque queria ser escritor. Confesso que entrei por motivos semelhantes. Adorava as crônicas políticas do Ricardo Noblat no JB e queria, mais tarde, ser tão bom quanto ele nos textos, além, é claro, de mudar o mundo e de, nas horas vagas, fazer literatura...

Viagem. Quem quiser "aprender" a escrever que mergulhe nas bibliotecas e espanque o teclado 12 ou 14 horas por dia. Achar que entrar na Faculdade de Jornalismo é um passaporte para aprender a escrever bem é um delírio. Pelo contrário. Em termos de fluidez criativa, a faculdade só me fez emburrecer. E não era qualquer instituição tabajara como tantas que existem por aí, era a UFRJ...


Tive o privilégio de ter aulas de Jornalismo com pessoas do nível de Nilson Lage e Ana Arruda Callado (além de outros "famosos" que não acrescentaram nada), que me ensinaram coisas bem interessantes sobre como desenvolver os textos jornalísticos do "mundo real". Mas, já cheguei à Faculdade sabendo colocar as vírgulas no lugar delas e até a brincar com elas de vez em quando.

Vamos, então, acabar com essa ilusão de que quem entra na Faculdade de Jornalismo vai se tornar um bom jornalista, bem como quem faz um curso de RP vai ser um bom RP. Em geral, as faculdades são falhas e têm uma estrutura curricular esquizofrênica. No máximo, você tem a oportunidade de ampliar o seu universo de conhecimentos e referências. E tomar umas cervejas depois (ou, o que é pior, durante) as aulas e namorar muito.

Portanto, se você quiser ser um bom comunicador, para atuar em uma das milhares de opções de trabalho na área, tudo bem, entre numa faculdade de comunicação, mas leia vorazmente tudo que vir pela frente, troque idéias com os outros dois ou três interessados e aproveite bem uma ou outra disciplina do ciclo básico (tipo Filosofia, Antropologia etc.) e do ciclo "prático". E, na primeira oportunidade que tiver, arrume um estágio ou trabalho em que possa aprender muito, inclusive a escrever (escrevendo).

E se você quiser não só aprender a escrever corretamente, mas escrever bem e até se tornar um escritor, se tiver mesmo jeito pra coisa, não perca tempo e dinheiro entrando numa faculdade de comunicação. Arrume um jeito de sobreviver de forma honesta pra pagar o aluguel, os albergues e a ração dos gatos; devore os clássicos, os modernos e os pós-modernos; conheça muitas pessoas e lugares diferentes; vire rato de exposições, teatros e cinemas; fuja da Academia; e, mais importante, viva intensamente cada minuto da sua vida. Pode ser que, dessa mistura, saia alguma coisa que se diferencie no mar da mediocridade.

4 comentários:

Thaís Freitas disse...

Nem acho que pra escrever bem seja preciso fugir da Academia, Leo... ou deixar de praticar esportes, de se estragar na noitada de vez em quando, ver um filme bem sanguinolento e trash ou qualquer outra coisa dessas que as pessoas ditas de "boa cultura" consideram perda de tempo. Você pode, sim, fazer isso tudo e ainda ler, ir a exposições, viajar pra lugares legais etc etc. Acho que o principal é a gente ter a cabeça aberta, ser livre de preconceitos e se manter sempre curioso e receptivo para aprender em qualquer situação que aparecer... :)

Leonardo Pessanha disse...

kkkkkkkkkkk...
1) também não acho que devemos fugir da academia de ginástica não... kkkkkkkk... Pelo contrário: exercícios físicos são ótimos pro cérebro, e como saber escrever passa por saber pensar, malhar é ótimo pra escrever também... Dizem até que a gente deveria escrever enquanto estivesse correndo numa esteira.
2) a academia à que me referi foi a Academia (universidades, mestrados, doutorados, pós-doutorados...). Ensino acadêmico. E é claro que estou estava hiperbolizando a coisa também. Mas, cá entre nós, os meus artistas e escritores prediletos mal tinham ou têm a graduação completa...
3) noitadas também fazem um bem danado pra arte de escrever, principalmente quando você encontra inspirações e bons personagens nelas... a maioria dos artistas e dos escritores vivia entre as bebidas, as putas e os amigos boêmios...
4) filme sanguinolento e trash também pode ser bom, como também pode ser um grande programa de adolescente em fase aguda de auto-afirmação (tenho umas dicas de filmes trashes e sanguinolentos legais)
5) essa coisa de "boa" cultura também é vaga: Mozart é boa cultura? Pra mim é, assim como é boa cultura o Sabotage, o Arnaldo Antunes, o Radiohead etc etc...
6) vc tá super certa quanto ao principal: ter cabeça aberta e ser livre de preconceitos de qualquer tipo é essencial pra que possamos ver o mundo e as pessoas sem estigmas, maniqueísmos e clichês, e o modo como vemos as coisas, as cores e as pessoas se reflete no nosso jeito autêntico (ou não) de escrever... bjs

Thaís Freitas disse...

ahhuauhauha que mico! Eu ouço tanto as pessoas falando mal do inocente ato de malhar que acabei achando que era dessa tal Academia que vc tava falando! ahuahhua Ui, que burrice... eu e minha arte de falar besteiras! Deixa pra lá...ahuuhahua

Thaís Freitas disse...
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