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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sobre escrever (última parte)...

Depois desse vídeo aí em baixo - que mostra o total descompasso entre o mundo das novas tecnologias da informação e das sociedades em rede em que vivemos hoje e a estrutura educacional caduca e nada "interativa" que ainda perdura -, é melhor encerrar logo essa história pretensiosa de escrever certo, escrever bem, escrever mal pra caramba etc.

Daí que vamos simplificar a coisa: quer ser um jornalista, repórter, editor, assessor de imprensa competente, no Brasil de 2008? Invista na sua bagagem cultural, tenha uma boa dose de curiosidade na alma, leia bastante, troque idéias, observe as pessoas e... escreva. (Ademais, há muitos livros por aí, além de portais na internet, que mostram como se estruturam uma notícia, reportagem ou release...).

Saber estruturar um bom texto jornalístico, um artigo ou uma resenha, por exemplo, pressupõe saber pensar. Quando a gente vive em um ambiente propício à dialética, ao debate, à discussão e à defesa de idéias, fica mais fácil aprender a organizar o discurso, seja para "balangar" (falar, defender um ponto de vista) ou para escrever.

No entanto, há dois pontos dissonantes nessa história (é que a idéia original dessa sequência de posts era falar sobre "escrever corretamente" dentro das fronteiras profissionais da comunicação, onde muita gente insiste em maltratar a nossa língua)...

Primeiro: escrever bem não significa escrever de forma correta.
Como um pintor surrealista, você pode transgredir a estrutura do texto "correto" e a gramática de uma forma super interessante e expressiva. Mas é necessário saber fazer isso, ter esse dom. Isso é pra quem mexe com poesia ou prosa literária. Pra quem ouve a música das palavras e o ritmo das frases.

O outro ponto tem a ver com o vídeo abaixo. Estamos numa transição maluca de um mundo analógico pra um mundo digital. Literalmente, em todos os sentidos. Ou seja, o jeito de escrever está mudando super rápido, está se "digitalizando". Assim como Rui Barbosa escrevia um bocado de coisas que nos fazem rir hoje pelo "formalismo", daqui a alguns anos talvez riam do modo "analógico" (e anacrônico) como esse post está escrito.

Junto com novas percepções e elaborações de experiências, as novas gerações nascidas pós-internet estão trazendo novas "gramáticas", novos "códigos" e novas formas de se expressar. E de escrever. As (des)estruturas dos textos, os signos, as mídias e as formas de "transmissão de dados, informações e conhecimentos" estão mudando e vão mudar rapidamente. E isso é ótimo. Mas... sendo bem práticos: em 2008, como comunicadores jurássicos que somos, vamos escrever direitinho, vamos...

Um comentário:

Alice Bollick disse...

É Leo, realmente escrever direitinho é uma tarefa restrita aos jornalistas. O mundo virou uma avalanche de imagens. São fotos, gráficos, infográficos, televisão, vídeos, cinema, cores, logos e orkuts.
Nós jornalistas, assessores de imprensa, somos os últimos seres que pensam em enriquecer um texto com informações e provocar os últimos, e também poucos, leitores fanáticos que dão valor às palavras a refletir e expressar o seu pensamento com textos.
Enfim, sobreviveremos se tivermos a capacidade literária de migrar para este mundo digital, seja diminuindo as palavras ou acrescentando novas.

bjo