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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Oscar do cinema brasileiro

Ganhei um convite pra ir ao Grande Prêmio da Academia Brasileira de Cinema, uma espécie de Oscar nacional, que aconteceu nesta terça (14/04) aqui no Rio. E fui sem maiores expectativas, porque tenho uma certa preguiça desses eventos badaladinhos em que a gente tem de ir "arrumado", o que implica fazer um esforço danado pra entrar num terno comprado seis quilos antes. Mas até que foi legal.

Antes de mais nada, acho que vale uma explicação sobre o porquê de falar de cinema em um blog que se propõe a falar de Jornalismo, Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial. Ora, além de ser desde sempre um grande meio de comunicação, o cinema também pode ser um meio mágico de se levar arte para pessoas de qualquer lugar, em qualquer tempo. Uma boa parte do que o século XX tem de melhor se deve ao cinema, e tudo leva a crer que o cinema brasileiro, que já tem uma história maravilhosa, vai dar muito o que falar neste século.

No evento de ontem, patrocinado pela Vivo e realizado no Vivo Rio, me chamaram a atenção o bom gosto do cenário e o bom senso no roteiro do espetáculo. Diferentemente daquela coisa chata, arrastada e previsível do Oscar, as premiações aconteceram num ritmo ótimo, sem maiores balangações por parte dos apresentadores dos prêmios e premiados, e sem discursos burocráticos. E as homenagens prestadas a Grande Otelo e a Renato Aragão foram emocionantes. Confesso que fiquei com os olhos embaçados com a homenagem mais do que merecida ao nosso querido trapalhão que não só fez rir e chorar tantas gerações, como despertou em muitos de nós o desejo de ir ao cinema e se apaixonar por ele.

Outra coisa muito legal que não passa desapercebida é a renovação maravilhosa do nosso cinema. Ao lado de monstros da nossa dramaturgia e do nosso cinema como Paulo José e Hugo Carvana, vemos tanta gente nova ou quase nova enbanjando talento, como Hermila Guedes, que ganhou o prêmio de melhor atriz, Wagner Moura, premiado como melhor ator, e mais Matheus Nachtergaele, João Miguel, Selton Mello, Lázaro Ramos... A lista é grande... E temos também uma nova geração de diretores espetaculares, como José Padilha, de Tropa de Elite e Ônibus 174, e novos roteiristas que estão desafiando a velha história de que o cinema nacional padece de bons roteiros... No quesito fotografia, o cinema nacional não deixa nenhuma margem de dúvida: está mais do que bem servido...

Espero que as empresas brasileiras continuem a investir mais e mais no cinema nacional não só porque têm muito a ganhar com isso em termos de reputação, mas também porque investir em arte e cultura significa ajudar o país a ter um povo mais culto, mais cidadão, mais sensível, mais ético, mais bem preparado para os desafios deste novo século. Infelizmente, em quase todos os filmes nacionais que assisto, vejo a logo da Petrobras, às vezes acompanhada da logo de outros patrocinadores. Tomara que essa conta seja mais dividida.

O empresário que não pensa só nos seus lucros, no seu próprio enriquecimento e nas suas contas no exterior pode ter uma postura bem mais cidadã e aproveitar as leis de incentivos fiscais para investir no cinema nacional, bem como em outras artes e manifestações culturais. Há talentos de sobra precisando de apoio, com o qual todos vão sair ganhando, inclusive as empresas. Comunicadores empresariais de todo o Brasil: sensibilizem seus "chefes" (e, é claro, os diretores financeiros ou seja lá quem cuida do cofre) sobre isso...

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