Busca Matéria:



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Dois em um...

Estou vivo e apareço mais uma vez para escrever sobre dois assuntos em um mesmo post. Uma forma de acalmar o desejo de blogar depois de uma semana ausente (atolado de trabalho e de viagens) e, ao mesmo tempo, de não encher o saco de alguma alma viva (e iluminada) que porventura entre no Canal 17. É coisa rápida.
De cara vou falar sobre o que anda há algumas semanas em todas os noticiários e na maioria das conversas: o caso Isabella. Não vou entrar no mérito das suposições e julgamentos, até porque, pelo jeito, a polícia está fazendo um trabalho bem razoável. Quero falar rapidamente sobre duas situações e a relação destas com a velha e temida "Opinião Pública"...
Logo depois da tragédia, me chamou a atenção a tal da carta supostamente escrita pelo pai da menina e lida no Jornal Nacional. Com o pouco que entendo de teatro, de mídia, de manipulação da opinião pública, da alma humana e da condição de pai, não consegui engolir a idéia de que o texto havia sido redigido pelo pai... Aquilo cheirava à coisa orientada por advogado...
Francamente, um pai que acaba de perder a filha e, mais do que isso, que acaba de perder a filha naquelas condições absurdamente chocantes, teria cabeça e capacidade emocional para escrever um texto tão bem articulado como aquele? E por que, em meio a toda a dor, sofrimento, desespero e trauma, ter a carta lida no telejornal de maior audiência do país?
E no último domingo, o que foi aquela entrevista de meia hora no Fantástico? Só ouvi alguns trechos e fiquei com uma curiosidade meio indignada de ver a cara do pai e da madrasta, mas foi o suficiente para sacar que, de novo, havia alguma coisa estranha, artificial, cínica e monstruosa no ar... Será que o advogado ou um assessor de imprensa consultado negociou a entrevista e preparou os "atores"? Será que as pessoas se comoveram com o desejo do pai de tatuar o rosto da Isabella?
Afinal, qual foi o impacto dessa duas cenas junto ao tribunal opinião pública? Será que eles conseguiram convencer uma parcela da sociedade ou mesmo a maior parcela de que eles são inocentes? No começo, ouvi de tudo: "eles são inocentes e foram injustamente presos - como poderiam matar uma filha, uma criança de cinco anos, daquela forma?". Outros apostavam todas as fichas na culpa deles...
Porém, de alguns dias pra cá, mesmo depois da entrevista no Fantástico, a maioria das pessoas que insistem em conversar comigo sobre o assunto diz não ter mais a menor dúvida de que o cara é um "psicopata" e a madrasta, uma "desequilibrada perversa"... É curioso como os personagens vão sendo construídos, desconstruídos e destruídos pela mídia e pela opinião pública...
Opinião Pública que lida com mitos, com cinderelas, com médicos que viram monstros, com maniqueísmos exagerados, com sentimentos do inconsciente coletivo, com símbolos, com lágrimas de crocodilo... Taí um bom (e trágico) caso para os que desejam escrever uma tese ou se aprofundar nos meandros pantanosos e oscilantes dessa coisa que chamamos de Opinião Pública...
-//-
E para encerrar (e já escrevi muito além do combinado), mudando radicalmente de assunto, queria só registrar uma experiência maravilhosa que tive hoje ao conversar com o conjunto dos colaboradores de um dos nossos clientes sobre o sentido do que fazíamos ali (ou seja, do trabalho de comunicação empresarial) e do quão é importante a compreensão e a participação deles no projeto.
Acho que foi um dos momentos mais ricos da minha carreira. Larguei o roteirinho básico que tinha criado e falei de uma forma bem solta sobre o porquê de se estar investindo em um novo site; de se estar criando mecanismos de diálogo e de participação; de se estar buscando, por meio de uma série de iniciativas, não só valorizar a empresa, mas humanizá-la.
É muito bom quando nós, que fomos criados no mundo das relações com a imprensa, sentimos na pele e, principalmente, no brilho do olhar dos outros, o quanto a comunicação empresarial é muito mais do que uma simples matéria positiva sobre a companhia na imprensa...
E isso é ainda mais especial quando a gente enxerga no cliente pro qual trabalha uma legítima vontade de enfrentar todas as dificuldades típicas de um país como o nosso e crescer...
Crescer com base no sonho, empenho e empreendedorismo corajoso dos sócios; no investimento em novos conhecimentos, talentos e inovações; em valores como ética, honestidade, transparência, responsabilidade social e ambiental; e na consciência da importância do bem estar e da atitude de cidadania de todos os que constroem a empresa.
-//-
Foi mal... Escrevi pra caramba, eu sei... Prometo que a próxima postagem vai ser rapidinha mesmo...

Nenhum comentário: