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terça-feira, 13 de maio de 2008

Caso Ronaldinho e os travestis - última parte...

Pra encerrar essa história bizarra, até porque logo logo outro escândalo ocupará as páginas de jornais e colunas de fofocas, vou contar um papo que tive sobre o caso com a minha filha de 14 anos no último domingo.
Ela estava com pena do Ronaldinho. Disse que a mídia estava fazendo uma sacanagem com ele, que ele não merecia ser ridicularizado daquele jeito. Eu disse a ela que ele deveria saber que as ações dele, sendo uma "celebridade", têm grandes consequências, e que ele deve saber disso. Ainda mais nesse mundo cercado de câmeras por todos os lados.
Acho que a questão não é se Ronaldinho gosta ou não de travestis, se precisa ou não ficar reafirmando que é heterossexual, essas coisas. A questão é que o craque roliço não cabe na imagem de "bom garoto" e de "fenômeno" acima de qualquer suspeita que quiseram criar pra ele.
Vejam o caso de Romário. Desde cedo, Romário foi um "bad boy". Baladeiro, matador dentro e fora de campo, refratário a treinos, rebelde, marrento. Romário sempre foi Romário, e as pessoas aprenderam a gostar dele daquele jeito mesmo. Ou não. Nunca foi um exemplo de "atleta exemplar" e arcou com as consequências disso.
Já Ronaldinho, estando ou não casado, sempre viveu às voltas com casos envolvendo modeletes e afins , mas, paralelo a isso, tentava, por meio de artifícios de RP, passar uma imagem de garoto-pobre-que-subiu-na-vida-sem-deixar-de-se-preocupar-com-os-garotos-pobres-e-vítimas-de-guerras-de-todo-o-mundo...
Ronadinho sempre curtiu dar umas escapulidas pela noite e, é claro, sempre foi objeto dos flashes e de notícias sensacionalistas por causa disso. Parece haver uma dissonância entre o Ronaldinho real, que me passa uma coisa meio "fáustica" de querer aproveitar à exaustão todos os prazeres e poderes concedidos pela fama e pela grana, e aquele "símbolo" que as pessoas gostariam que ele fosse.
Um cara que chegou aonde chegou deveria ser melhor assessorado. Tinha tudo pra ser um grande craque. Dentro e fora de campo. Mas, por causa dos baldes, baladas e puladas de cerca fora de hora, acaba comprometendo o grande atleta que ele é.
Na última Copa do Mundo, ele estava indisfarçavelmente gordo e foi flagrado em uma boite na Alemanha. O que ele pretendia? Ir pros baldes e depois correr o tempo todo em campo? Ronaldo não erra por sair com garotas ou travestis. Erra por não entender que um atleta de verdade, ainda mais com todo o talento que ele tem, deve levar uma vida de atleta, se quiser ter e manter o sucesso.
O que me desagradou no caso foi o modo pejorativo com que ele se referiu aos travestis em uma entrevista e também a necessidade de afirmação da masculinidade. Patético. E também o fato de que, neste momento, mais do que nunca, ele deveria estar preocupado com a recuperação plena da forma física, para que volte ser o grande jogador que sempre foi. É óbvio que isso pressupõe alguns sacrifícios. Não dá pra querer ser o rei da noite e dos campos de futebol.
Assim como minha filha, torço por Ronaldinho da mesma forma que torci na Copa de 2002, quando ele calou a boca de muita gente, com as atuações ao longo do torneio e com os dois gols decisivos feitos na final. E é impressionante a legião de fãs, principalmente entre as crianças e adolescentes, que ele conseguiu formar no mundo inteiro. Do Haiti ao Afeganistão.
Enfim, acho que ele deveria ser mais cuidadoso com a imagem de atleta, deveria ser mais profissional mesmo. E sem perder a autenticidade e naturalidade do velho garoto de Bento Ribeiro, aproveitando os períodos de folga e de férias pra curtir todos os baldes a que tem direito. Tanto quanto um bom assessor de imprensa (e de imagem), acho que Ronaldinho precisa é de um bom terapeuta que fosse também uma espécie de "coach".

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