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terça-feira, 17 de junho de 2008

Atrocidade na Providência e a imagem do Exército

As Forças Armadas, em especial o Exército brasileiro, já não gozam de uma imagem muito boa junto à população em geral e aos chamados formadores de opinião. Também pudera. Foram 20 anos de Ditadura que abortou as necessárias reformas de base defendidas por João Goulart e por parte da esquerda em 1964.
A imagem do Exército passou a ser associada a autoritarismo, golpe de Estado, tortura, arbítrio, desaparecimento de centenas de jovens que sonhavam com um país mais justo e igualitário, morte da democracia, acumulação de renda nas mãos de uma minoria privilegiada da população, Esquadrão da Morte e a outras tantas misérias.
Quase 25 anos após a abertura política, às Diretas Já e ao primeiro presidente civil pós 1964 (Sarney...), vemos o Exército envolvido em algumas ações policiais solicitadas por governos estaduais e mesmo pelo governo federal do PT. Desde a ECO 92 até os Jogos Panamericanos, ambos no Rio, soldados do Exército saíram algumas vezes às ruas para ajudar a garantir um clima de "paz" e "conter" a violência.
A maioria da população, segundo pesquisas, passou a apoiar essas ações, e no caso do Morro da Providência, soava até simpática a idéia de o Exército ajudar, com os seus soldados, nas obras de melhoria que estão sendo realizadas na favela. Até que acontece esse ato monstruoso no último fim de semana. Três jovens acusados de "desacato" entregues por militares a bandidos de facções rivais...
Não é o caso de me alongar nesse deplorável acontecimento e nem na discussão de que o Exército deve ou não participar do combate à violência nas ruas e favelas (eu, particularmente, acho que não; ele não existe e não é treinado para isso).
A idéia aqui é pensar a tal da "imagem" do Exército. É claro que este fato vai contribuir para desgastá-la ainda mais. Todavia, o desfecho da história vai depender da maneira como os militares de "alto escalão" agirem e se posicionarem ante ao cerco (ou circo) da mídia.
Se eles se mostrarem alinhados ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim, para quem a ação deve ser repreendida de modo exemplar, e se empenharem pela punição dos envolvidos no episódio, creio que a imagem do Exército sairá de tudo isso menos abalada. Vamos ver como é que a instituição, por meio do departamento de Comunicação Social do Comando Militar do Leste, vai enfrentar essa "crise de imagem".

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