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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Reflexão sobre a Percepção de Valor Intrínseco

Caetano, na música Estrangeiro, pergunta o que os gregos e os pré-gregos se perguntavam há séculos: o que é uma coisa bela? Luana Piovani? Eu acho. Belíssima. Maria Bethânia? Eu acho. Linda. A Baía de Guanabara, por exemplo: é maravilhosa (mais do que o Cristo). Não sou cego de tanto vê-la. Então, qual é o "valor intrínseco das coisas"? Baile funk é ruim? Tem coisa mais linda do que um fado vadio ouvido num daqueles bares tradicionais da Cidade Baixa de Lisboa? E Chiclete com Banana? E Ivete Sangalo? E o próprio Caetano Veloso, que eu amo e que tanta gente nem aguenta ouvir falar? Fora a questão básica das subjetividades, da construção individual de valores estéticos e dos repertórios, aonde é que entra a tal da indústria da construção de percepções? E nós, comunicadores, o que temos a ver com isso? Tudo. Ou não?

Bem, isso foi só pra mandar um post que acabei de ler no Blog "Sedentário & Hiperativo", que, desculpe aí o pessoal da academia que pode não concordar, é legal pra caramba:

Reflexão sobre a Percepção de Valor Intrínseco

Posted: 23 Nov 2008 10:34 AM CST

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.


Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

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A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post em abril de 2007 era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.


A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.

Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

Vi no Teoria da Conspiração


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