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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

ENTREVISTA: ROBERTO DE CASTRO NEVES

Nascido no Rio de Janeiro, com três filhos do primeiro casamento, dois enteados do segundo e cinco netos, Roberto de Castro Neves é um dos maiores especialistas do país na área de comunicação e imagem empresarial e atualmente atua no mercado como consultor de empresas.

Na verdade, meu interesse pela comunicação organizacional e pelos assuntos gerais relacionados à imagem das instituições ganhou um outro impulso quando li, acho que em 1999, o seu livro Imagem Empresarial – como as organizações e as pessoas podem proteger e tirar partido do seu maior patrimônio.

Gostei demais da maneira como Roberto apresentava e tratava a questão da imagem, com um estilo leve, fluente, coloquial, engraçado e próximo da nossa realidade (sem aquelas coisas irritantes do academicismo). Parecia um bate-papo descontraído, mas ao mesmo tempo “sério” e “profundo”, sobre questões que eu começava a enfrentar e a pensar no dia-a-dia, trabalhando já com assessoria de imprensa.

Aliás, o livro teve também o mérito de fazer com que eu ampliasse ainda mais a minha visão acerca da comunicação das empresas e percebesse que assessoria de imprensa (relações com a imprensa) é importante sim para ajudar a construir e preservar uma boa imagem, mas é apenas uma das peças do quebra-cabeça. Enfim, fico muito contente e verdadeiramente honrado de tê-lo como primeiro entrevistado do meu recém-criado CANAL 17.com.

Logo abaixo da entrevista, segue um currículo do especialista, retirado do seu site www.imagemempresarial.com, bem como as indicações dos dois outros ótimos livros digamos “técnicos” do autor, que também é ficcionista e tem dois romances e um livro de contos publicados.

CANAL 17.com: Em 2008 faz dez anos da publicação do seu primeiro livro, Imagem Empresarial. De lá pra cá, a maneira como as empresas brasileiras vêm valorizando e trabalhando a imagem mudou muito? Pelo menos nessa área, saímos de um quinto para um, digamos, segundo mundo? Haveria hoje uma maior consciência por parte de instituições públicas e privadas de que imagem e reputação bem administradas significam mais admiração, mais clientes, mais vantagens competitivas, enfim, mais lucros?

Roberto: Houve sim nos últimos dez anos um avanço na conscientização quanto à importância da imagem e da comunicação para o sucesso dos negócios. Uma prova desse avanço está na valorização dos profissionais de comunicação e nos recursos alocados pelas empresas na atividade. Mas ainda há muito o que avançar, sobretudo quanto ao que fazer, por exemplo, no desenvolvimento de processos e na sistematização da comunicação. Por conta disto, há muito desperdício de recursos e de tempo na atividade.

CANAL 17.com:: Seu último livro, Crises Empresariais com a Opinião Pública, lançado em 2002, abordou a necessidade não só de se gerenciar, mas de se procurar prevenir ou de se preparar para as crises com a opinião pública, que podem ser devastadoras. A propósito, que casos de crises bem ou mal administradas lhe chamaram a atenção em 2007 no Brasil e no mundo?

Roberto: No Brasil e no mundo, as crises bem administradas estão na categoria dos recalls dos fabricantes de automóvel. São problemas potencialmente devastadores para as empresas, em um setor de muita concorrência. Qualquer bobeada e a vaca vai pro brejo. No entanto, as empresas têm contornado a situação com muita competência, muitas delas aproveitando a ocasião para fazer dos limões limonadas. Quanto a crises mal administradas, a lista é imensa. Entretanto, no mundo, acho que o prêmio do ano vai para a Mattel e seus brinquedinhos de chumbo "Made in China". No Brasil, entrego o troféu para as companhias aéreas, não tanto pelos tristes acidentes ocorridos, mas pela maneira com que se conduziram durante o chamado "apagão aéreo". A prova cabal desse desastre na administração da imagem está no valor de suas ações na Bolsa. Foram negativas em um ano de recordes históricos da BOVESPA.

CANAL 17.com: Além dos três livros na área comunicação empresarial, você também tem alguns romances publicados. A experiência profissional, ou seja, a vivência no “mundo S.A” o ajudou na construção dos personagens fictícios e, ao contrário, a relação com a literatura foi e tem sido importante para que você afie a sensibilidade e o senso crítico em relação ao modo como as empresas tratam a comunicação com os seus públicos?

Roberto: Todas essas coisas - atividade profissional, experiência de vida, gosto pela literatura, características pessoais que acredito ter (observação, disciplina, capacidade crítica etc) - atuam umas sobre as outras. É difícil dizer o que precede o que. É claro que o mundo empresarial me deu boas inspirações, assim como a família, o círculo de amigos, a universidade, a literatura, enfim, a natureza humana onde quer que ela esteja. Quero apenas acrescentar que sempre gostei muito de tudo que fiz e do que faço. Pesquisar, entender, escrever, são coisas que adoro fazer.

CANAL 17.com:: E você está com algum projeto novo de livro na área de comunicação? Qual será o tema-chave desta vez?

Roberto: Tenho muitos projetos em andamento. Na área de comunicação, o projeto que venho tocando é um trabalho no qual conto histórias sobre a vida empresarial, histórias que misturam experiência e ficção. Estou gostando da viagem. Se tudo correr dentro do planejado, entrego para a editora em meados do ano.

CANAL 17.com: Ainda existe no Brasil uma briga boba sobre quem deve gerenciar a área de comunicação nas empresas. RPs, jornalistas, publicitários, marqueteiros e cia. ficam nessa eterna discussão inútil, politiqueira, que não leva a nada... Em sua opinião, o que deve ser valorizado na formação e na bagagem dos que pretendem gerir ou participar da gestão da comunicação e da imagem das empresas?

Roberto: Certa vez publiquei um artigo intitulado "A Guerra Civil entre Comunicadores". Concordo com você plenamente que esta discussão não leva a nada. Ou melhor, leva à perda de energia e ao estreitamento do mercado. Quanto à formação e à bagagem necessárias para o bom profissional de comunicação, acho fundamental o desenvolvimento de uma visão cósmica do campo operacional, ou seja, entendimento de economia, política, social e suas interações, amplo conhecimento do business em que atua e daqueles a seu redor, acompanhamento do desenvolvimento tecnológico como usuário e como pensador quanto a seus impactos sociais. Enfim, muito estudo, leitura, pesquisa, método, disciplina e preocupação com sua própria imagem.

CANAL 17.com: No seu site, você cita alguns filmes em que “a imagem das instituições, organizações, empresas, profissões, celebridades etc. é posta em questão”. Considerando a produção cinematográfica de alguns anos pra cá, lhe ocorrem alguns filmes que tratam do assunto de uma maneira interessante e “didática” (pelo menos para nós, que gostamos da área)?

Roberto: Esbocei a análise de alguns filmes recentes que me parecem interessantes e têm a ver com a nossa área. Pretendia colocar essas análises no site. Infelizmente, ainda não tive tempo. São eles: (1) "A Rainha" (The Queen) do Stephen Frears. Um belo trabalho sobre gestão de crise; (2) "O Corte" (Le Couperet), de Costa-Gravas. Ótimo para refletir sobre os preconceitos quanto à atividade empresarial; (3) "Babel", de Alejandro Iñárritu. Um prato cheio de metáforas.

Roberto Castro Neves - Bacharel em Direito com doutorado em Direito Público pela antiga Universidade do Estado da Guanabara, hoje, UERJ; Administração de Empresas (incompleto) pela mesma Universidade. Trabalhou durante 30 anos na IBM, tendo ocupado cargos gerenciais nas áreas de prestação de serviços, análise de sistemas e marketing, bem como diretorias em Comunicações, Relações Governamentais, Relações com a Imprensa e com a Comunidade. Foi membro do Comitê Executivo da empresa e consultor de imagem da IBM para toda América Latina entre 1994 e 1996. Sua última função na IBM Brasil foi de Vice-Presidente de Recursos Humanos e Assuntos Externos.

Além de vários artigos sobre Imagem e Comunicação Empresarial, tem três livros publicados: IMAGEM EMPRESARIAL - Como as organizações [e as pessoas] podem proteger e tirar partido do seu maior patrimônio; COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL INTEGRADA; e CRISES EMPRESARIAIS COM A OPINIÃO PÚBLICA, todos publicados pela Editora Mauad, respectivamente em dezembro de 1998, dezembro de 2000 e novembro de 2002. Como ficcionista, tem três livros publicados: BALEIA BRANCA, contos, pela Editora Taurus, em 1983; PERFUME DE GARDÊNIA, romance, em 1988, pela Editora Objetiva; e A ESTUPENDA COMÉDIA, romance em 2005, pela Editora Caravansarai. . Em 2006, foi escolhido para ser o primeiro ombudsman do Prêmio ABERJE, um dos mais importantes certames da Comunicação Empresarial no País.

Um comentário:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado