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sábado, 1 de março de 2008

Preguiça dos jornais

Outro dia li não sei aonde um artigo muito legal em que o autor questiona o que seria de nossas vidas se, de uma hora pra outra, os jornais parassem de ser impressos, a TV saísse do ar e o rádio ficasse mundo. Íamos sentir tanta falta assim? Íamos ficar imobilizados ou mandar parar tudo porque não conseguimos viver, trabalhar e se relacionar sem notícias? Faria muito diferença na sua vida saber se a Bovespa está em alta ou em baixa?

Não sei também se estou sendo azedo demais ou se o mundo (essa nossa sociedade pós-moderna de “poetas mortos”) é que anda amargo, mas tenho achado a leitura dos jornais diários uma grande chatice (e eu tenho de fazê-lo, é claro, até por razões profissionais...). Com exceção de uma ou outra coluna que ainda traz um texto que dá realmente vontade de ler ou de algumas reportagens especiais muito bem escritas ou de alguns suplementos, o resto parece, como dizia Cazuza, um “museu de grandes novidades”.

No artigo a que me refiro, até onde vai a minha frágil memória, o autor questiona se os executivos e editores que comandam os grandes veículos de comunicação estão antenados com as mudanças que ocorrem “aqui embaixo”, na cabeça e nos hábitos dos “consumidores de notícias e informações”. De repente, para eles, os jornais estão ótimos e o chato da situação sou eu... Ou eles podem atribuir a suposta chatice dos jornais à eterna repetição de "picaretagens" na nossa política, ao desencanto com a nossa realidade...

Mas fico curioso de saber em que pesquisas eles se baseiam para ditar os rumos dos jornais e para avaliar se os mesmos estão agradando... Se eu busco notícia atualizada sobre determinado assunto, as encontro em centenas de portais e sites segmentados na internet. Se procuro opiniões ou textos mais “subjetivos”, “sinceros” e interessantes, é só dar uma vasculhada nos blogs ou, melhor ainda, nos e-mails que recebo dos blogs que “assino”. Ou seja, eu mesmo posso “fazer” o meu “jornal”, a minha “revista”.

São poucos os veículos de “massa” que ainda me instigam à leitura. Um deles, por exemplo, é a Revista Época, que passou por um grande processo de reformulação e parece já se ter adiantado a todas essas mudanças em curso e criado um sistema interativo e complementar de informações entre revista semanal, site e blogs. E os articulistas da revista são muito bons. E como tenho acesso a diversos outros veículos, por conta do que faço, acabo encontrando uma ou outra matéria ou entrevista que valha a pena ler dentre centenas de textos desinteressantes e “velhos”.

Outro dia saiu uma crítica ao programa Retalhão, do Canal Brasil, na qual o crítico dizia, pelo que me contaram, que o programa é um tanto quanto “estranho”. Que elogio! Em meio à grande pasmaceira e preguiça geral, causar “estranheza” é uma qualidade que não pode ser extinta.

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