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sexta-feira, 6 de junho de 2008

"O Rio sitiado" (e largado...)

Acabo de receber uma newsletter da Veja Rio, cuja matéria de capa deste fim de semana é "O Rio sitiado". Subtítulo: "Milícias torturam, traficantes assassinam, ex-governador é indiciado por formação de quadrilha e ex-chefe da Polícia Civil é preso por lavagem de dinheiro (e logo solto por seus colegas deputados) numa cidade que precisa de ajuda para enfrentar a barbárie e a corrupção".

O que isso tem a ver com esse blog? Tudo.

Primeiro porque se trata de um espaço não só para discutir assuntos relacionados ao mundo da comunicação empresarial em si, mas também do jornalismo.

E mais: a decadência e o abandono do Rio não nos afetam somente como cidadãos (que amam e lamentam o caos em que se encontra a cidade), mas repercute também sobre o ambiente de negócios como um todo e, especificamente, sobre o nosso segmento - das micro e pequenas empresas de comunicação organizacional.

Infelizmente, a cada dia que passa aumenta a distância, já medida a anos-luz, entre as possibilidades de crescimento profissional - e de aquisição de conhecimentos - na área de Comunicação Empresarial entre São Paulo e Rio.

Sempre que vou e estou em SP, e isso acontece quase toda semana, não só sinto no ar um clima de prosperidade e de oportunidades para quem é sério, competente e ralador, como também percebo que se aprende muito mais e o tempo todo na cidade.

É triste, mas é verdade: ficar só no Rio é emburrecedor para quem trabalha com comunicação e marketing. É parar no tempo, suicídio profissional...

Afora isso, há um outro ponto nessa questão da decadência do Rio que remete da mesma forma à nossa atividade como "pensadores e gestores de imagem": a imagem do Rio em outros estados há muito que se encontra ladeira abaixo. Nas conversas, quase sempre o Rio é associado à bandidagem, nos morros, no asfalto, no âmbito da política e da polícia, nos conchavos envolvendo as estatais que aqui restaram, e por aí vai.

Além de disputarmos os primeiros lugares entre as cidades mais violentas do país (ao passo que São Paulo vem conseguindo descer nesse "ranking" sinistro) e pagarmos caro por isso (com vidas, com dor, com desesperança, com perda de investimentos...), somos vistos como um grande celeiro de corruptos e de pilantras (vide a matéria da Vejinha: "...cidade que precisa de ajuda para enfrentar a barbárie e a corrupção").

Diferente de São Paulo, que conta com uma história e cultura econômica bem diferente, baseada na iniciativa privada, no empreendedorismo, o Rio, infelizmente, não pode andar com as próprias pernas. Parece um cara de trinta e poucos anos, looser, drogado e decadente, que ainda vive com os pais e - pior - ainda depende deles.

Por uma série de fatores, precisamos - e muito - de investimentos federais e da união entre os poderes públicos municipal, estadual e federal para começar a reverter esse quadro.

Do jeito que as coisas estão, a violência só tende a aumentar na cidade e no estado, porque o abismo social continua imenso, as riquezas produzidas (como a do petróleo, por exemplo) não são distribuídas como deveriam, e a maioria das crianças que estão pelas ruas não podem ter grandes expectativas em relação ao futuro...

Virou questão de vergonha na cara começar a fazer alguma coisa pra mudar esse estado de "barbárie" que estamos vivendo. Mas como? Sei lá. Vamos criar! Vamos inventar! Não dá para ficar esperando tudo dos sempre tão criticados e demonizados políticos que, afinal, nós mesmos elegemos! E ainda bem que vivemos numa democracia e podemos escolhê-los. Melhor assim.

Temos que botar a boca no mundo, cacete! Usar os meios de comunicação primitivos e digitais para isso! Sites, blogs, e-mails etc. Conversar com os amigos, vizinhos, motoristas de táxis, familiares etc.

Ou seja: a sociedade civil, essa coisa meio "teórica" que na verdade ainda não somos (mas que paga impostos como se vivesse na Suécia), tem de mostrar a sua cara, tem de mostrar que quer e que pode mudar esse estado de coisas.

Estamos a cinco meses das eleições que vão escolher o novo prefeito do Rio e os novos vereadores. Você se lembra em que vereador votou na última eleição? Precisamos anotar telefones e e-mails das pessoas em quem vamos votar e azucrinar a vida delas, para que cumpram aquilo que prometeram e em que acreditamos. E se não corresponderem, impeachment!!!

Os políticos têm de colocar tudo o que estão fazendo e todas as suas contas na internet para que possamos ver para onde está indo a nossa grana! Temos de participar das decisões que envolvam o destino do que é arrecadado com os nossos impostos!

O ideal seria que os políticos saíssem dos bairros, das associações, das comunidades, e que fossem pessoas com quem pudéssemos nos encontrar no dia-a-dia a fim de cobrar o que é de nosso direito...

Enfim, eu particularmente estou contando os dias para que nos livremos logo desse cara que está aí há mais de dez anos como prefeito do Rio, e que teve uma participação imensa no atoleiro em que estamos. Torço como numa final de Copa do Mundo para que César Maia e seus súditos levem uma surra nas urnas e desapareçam, como os Garotinhos, das nossas vidas...

Mas o buraco é mais embaixo, e temos de ser responsáveis e criteriosos não apenas na hora de votar, mas, principalmente, na hora em que a cidadania está em nossas mãos: você paga ou recebe propinas? Morre de raiva dos políticos porque a maioria deles rouba e enriquece e, no fundo, você queria estar lá no lugar deles por causa da grana?

Você fura os sinais na maior e caga para os pedestres e ciclistas? Joga lixo nas ruas? Ignora o destino de milhares de crianças que estão por aí aprendendo a ser bandido e a lidar com policiais corruptos?

Você defende a pena de morte sem perceber que a maioria dos cariocas e fluminenses, mesmo com o todo badalado crescimento econômico do país, já nasce morta de esperanças de ter uma vida digna, com educação de qualidade, saneamento básico e hospitais públicos decentes?

Você acha que oportunidades de cidadania e "sucesso" devem ser privilégios de uma minoria que pode pagar escolas caras para que os seus rebentos frequentem mais tarde as universidades públicas e "vençam" na vida? (De preferência se escastelando num condomínio na Barra da Tijuca com um sistema de segurança israelense...).

Se a gente não parar para pensar sério no que significa ser um cidadão civilizado e político (no sentido bom e original da palavra Política, que tem a ver com Pólis = viver, pensar e cuidar da cidade ou lugar em que se vive), vai soar como mais uma daquelas velhas babaquices da classe média bestalóide e alienada esse papo de que estamos na merda, de que a violência é um absurdo, de que os governos são umas bostas...

2 comentários:

Anônimo disse...

Leo concordo com você. O que você escreveu é pouco, está tudo tão podre que não dá para tentar ajeitar de onde está. Tem que jogar tudo fora e começar tudo de novo. O povo precisa de edução, saúde e moradia. E os caras lá de cima não deveriam receber esses salários astronômicos não. Deveria ser serviço comunitário. Sem remuneração mesmo. Quem sabe assim alguem ia fazer alguma coisa pelo Brasil e não só pelo próprio bolso!

Bjs!

Anônimo disse...

Ah! Esqueci de assinar..sou eu Pati da LP17!

bjs