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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Mais um texto sobre o tal do "novo consumidor"

(Matéria publicada hoje no portal Noticenter, de SC)

Tendências

Especialista mostra as principais tendências no comportamento do consumidor. Confira os detalhes e planeje-se para o novo comprador

Marco Aurélio Cordeiro de Lima, diretor da GfK Indicator - quarta maior empresa de pesquisa do mundo, esteve em Blumenau no último mês para ministrar a palestra Macro-tendências do Consumidor. Durante a apresentação, o executivo explorou alguns resultados obtidos através de pesquisas da empresa que dirige para mostrar quais são os principais aspectos de mudança na decisão de compra e de que forma essas mudanças precisam ser encaradas.

“Tendências são idéias que geram uma ação”, explica Marco. “O conjunto dos dados sobre as principais características que devem alterar ou já alteram o comportamento do consumidor de nada vale se as empresas não tomarem providências que melhorem seus negócios através deles”, reforça.

O Noticenter conversou com o executivo e traz, abaixo, um resumo das 13 principais tendências do consumidor.

VIDA VERDE

“O mundo ficou verde”, brinca Marco Aurélio. A preocupação ecológica e com relação ao consumo saudável é uma das fortes tendências do consumidor. “O comprador está cada vez mais preocupado com o que é saudável e com o que é ecologicamente correto, e isso se reflete na decisão de compra”, diz o especialista. A relação entre a saúde pessoal e a saúde do planeta está se fortalecendo na mentalidade do consumidor e gerando um aumento considerável da procura por marcas que tenham apelo verde.

Marco ressalta que não é só no que diz respeito aos produtos que essa nova mentalidade deve influenciar, mas também nos serviços. “Uma das grandes apostas do mercado de turismo, por exemplo, são os programas ecológicos”, diz. Neste quesito, destaque para Santa Catarina. “O estado tem um potencial de turismo ecológico muito grande, me arrisco a dizer que talvez um dos maiores do país. Além disso, é a única região que temos neve para o inverno e praias para o verão, o que acaba com a sazonalidade que é uma dificuldade turística em algumas regiões”, complementa.

Segundo pesquisas da GfK, a venda de produtos considerados saudáveis ou sustentáveis deve quadruplicar até 2015. “O mercado desses produtos vai movimentar algo em torno de US$ 200 milhões”, comenta o especialista.

BEM ESTAR

Segundo dados obtidos pela GfK, um terço da população brasileira considera importante ter hábitos saudáveis mas não realiza nenhuma ação nesse sentido. “A preocupação do consumidor com relação aos seus hábitos cresce, mas a falta de tempo e de condições de realizar atividades físicas, por exemplo, faz com que o número de atitudes para melhorar o dia-a-dia diminui”, explica Marco.

O que o consumidor espera de um produto, então? “Que ele possa ser utilizado sem culpa”, comenta o especialista. Um bom exemplo deste desejo é na área de alimentos. “Várias marcas já lançaram linhas com baixo valor calórico, com substâncias que fazem bem para o coração, que tem menos gorduras”, complementa.

MITO DA JUVENTUDE

A população está envelhecendo. Estima-se que até 2025, 29% dos brasileiros terá mais de 50 anos. Na Itália, este número chega a 50%. “As pessoas estão vivendo mais e vivendo melhor”, diz Marco. “Antigamente, uma pessoa com 30 anos era considerada idosa. Hoje, muitos avós criam os netos com a mesma disposição que criaram os filhos”, ressalta.

Este público, mais exigente do que os mais jovens, exige apelos específicos. “Ao mesmo tempo em que querem ser comparados aos que tem menos idade, os mais velhos querem ter atenção especial e produtos voltados para sua necessidade de estender ao máximo possível o bem estar que sentem”, explica Marco.

Em termos de serviços, Marco utiliza como exemplo as cirurgias plásticas. O Brasil é o segundo país do mundo com maior índice de intervenções cirúrgicas com finalidades estéticas – perde só para os Estados Unidos.

O CONSUMIDOR EM MOVIMENTO

A mobilidade do consumidor nos âmbitos físico e social está em constante ascensão. Mas, as mudanças que geram maior impacto sobre o comportamento de compra estão na área social. “O poder compra de todas as classes aumentou e o desejo de compras por marcas de prestígio também”, comenta Marco. “O status da marca se tornou ainda mais decisivo na hora de decidir por um produto e quanto pagar por ele”.

De 1995 para 2006, duplicou o desejo por marcas consideradas prestigiadas. “As marcas de roupas esportivas, por exemplo, que antes eram acessíveis a uma pequena camada da sociedade, agora podem ser compradas por grande parte da população”, afirma Marco.

CULTURA DO LANCHE

A satisfação imediata é uma sensação-chave para a aquisição de qualquer produto, hoje. “O consumidor não tem tempo, para sentir o prazer de uma refeição calma. Por isso, ele precisa de algo que lhe o satisfaça de forma rápida”, diz Marco.

Uma linha bem sucedida de produtos, segundo o especialista, é a de barras de cereais de aproximadamente 100 calorias. “O consumidor come rápido, de forma saudável, sem peso na consciência e ainda sente prazer com o gosto do produto”, exemplifica ele. O resultado da combinação: 30% de crescimento nas vendas só em 2007.

AUTO-PRESENTES

Segundo a GfK, 40% dos brasileiros estão constantemente estressados. A mesma pesquisa mostra que 70% dos norte-americanos dizem não ter tempo pra fazer tudo o que gostariam, 58% desligam o telefone quando entram numa fila de espera por atendimento e 61% cancelam as compras quando os sites demoram para confirmar o pedido.

O stress psicológico é outro fator importante. “Quando não estamos no trabalho ou numa situação real de tensão, voltamos o nosso pensamento para o que deixamos de fazer e ainda tem que ser feito”, explica Marco.

Este estado de constante pressão acabou criando um movimento chamado pelos especialistas de auto-indugência. “São aqueles presentes que de vez em quando damos a nós mesmos, por julgarmos merecer”, comenta Marco. “Neste sentido, as viagens e produtos relacionados a divertimento e facilidades domésticas são grandes destaques”, diz.

SINGLES

Na Argentina, 17% dos lares já são unipessoais – em Buenos Aires esse índice atinge 26%. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2000 mostra que 8,6% das casas tinham apenas um morador. Em 2008, este número já passou dos 9%. “É uma tendência muito forte que só tende a crescer”, comenta Marco. “Em 1996, as capitais brasileiras registravam 6,5% de lares unipessoais. Um crescimento de cerca de 3% em 12 anos. Um número considerável”, acrescenta.

Os produtos específicos para esse tipo de consumidor são os mais variados: desde menores volumes de alimentos até pacotes de viagem com menores valores.

FATO REAL

Há um movimento de resistência ao chamado “puro-marketing”, que está levando o consumidor a buscar empresas consideradas transparentes em suas publicidades. “Hoje, já não adianta ter uma campanha que prometa grandes realizações impossíveis aos compradores. As propagandas que mais funcionam, hoje, são aquelas que mostram do que o produto realmente é capaz sem ficção ou promessas absurdas”, diz o executivo.

PREMIUMISAÇÃO

Com a divisão da sociedade em diversas camadas sociais diferentes e o crescimento no poder de compra de todas elas, o mix de marcas consideradas Premium também cresceu. “Hoje todos podem ter um produto da marca top do seu segmento social”, diz Marco. “Mais uma vez, a valorização da marca é importantíssima para este novo cenário de vendas”, complementa.

Entre os serviços, o principal fator que leva uma marca a entrar para o rol das Primium é o atendimento. “Todos sabem que o bom atendimento é a melhor forma de conquistar o cliente, e também de mantê-lo. Os que conseguirem estabelecer bons parâmetros neste sentido estão um passo a frente para entrar nas marcas consideradas Premium”, assinala Marco.

VIVENDO A EXPERIÊNCIA

O experimentalismo é uma das palavras-chave do atual momento que vivemos. Para o consumidor, viver é mais emocionante que comprar. “Essa tendência influi de forma direta nos varejos, já que as lojas precisam estar preparadas para possibilitar que o consumidor sinta o produto e seus reflexos antes de adquiri-lo”, comenta o especialista.

“A loja de uma grande marca de tênis norte-americana, por exemplo, possibilita que o consumidor ande numa esteira que identifica qual é o melhor tênis para o seu pé e o seu estilo de caminhada”, conta Marco. “Além de apresentar as opções, ela permite que a fábrica faça um modelo exatamente do jeito que o seu pé precisa. Isso é um grande diferencial”, acrescenta.

HIPER CONECTIVIDADE

A comunidade virtual já representa grande parte da população e esse número ainda deve crescer. Os consumidores passam grande período na internet e até as crianças já entraram nessa realidade. “A internet é um dos maiores meios de comunicação da atualidade – se não o maior. Explorá-la é uma necessidade eminente para as corporações”, afirma o especialista.

“Esses dias, enquanto meu filho jogava um game on-line percebi que até nesses programas já existe publicidade e formas de divulgação de marcas e produtos. Esta é uma nova realidade que precisa ser considerada”, diz Marco.

BOCA A BOCA

Cerca de 70% dos consumidores considera outras pessoas a melhor fonte de informação sobre os produtos. Em 1997, 92% dos entrevistados de uma pesquisa da GfK consideravam o boca a boca uma fonte interessante. “Com a democratização da internet e dos meios de comunicação, essa é uma realidade que tende a se expandir cada vez mais”, diz Marco. “As comunidades no Orkut são apenas uma das formas que os consumidores encontraram para trocar idéias sobre um produto”, exemplifica.

Um estudo da GfK identificou um seleto grupo de pessoas tidas como Influentials. “Eles representam cerca de 10% da população mundial e tem como principal característica a fácil adaptação à novidades e a antecipação de tendências”, explica o diretor. “É um grupo pequeno, mas extremamente importante que precisa ser conquistado e pode gerar excelentes resultados para as organizações”, diz ele.

TROCA DE PAPÉIS

Que as mulheres e os homens estão trocando papéis, é fato. No que diz respeito a consumo, esta realidade precisa ser aplicada às estratégias e desenvolvimento de produtos. “As mulheres representam 40% da população economicamente ativa e a perspectiva é que em 2010, uma em cada sete posições de poder seja ocupada por elas”, diz Marco. “Hoje, não pode mais haver distinção de gênero para determinadas áreas de produtos, como os domésticos, por exemplo”, diz.

Obs:

AS TREZE MUDANÇAS

O Noticenter fez um apanhado dos principais pontos da palestra. Na apresentação, você confere as treze tendências de forma resumida e simples. Preencha os dados, faça o download e tenha um material especial sobre o tema. (No site www.noticenter.com.br, é possível fazer o download).

Matéria publicada em 13/08/2008

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